A ANVISA proibiu neste mês de fevereiro a venda de todas as pomadas para modelar e trançar cabelos no país. Enquanto a medida estiver em vigor, nenhum lote de qualquer desses produtos pode ser comercializado e não deve ser utilizado por consumidores e profissionais de beleza.Essa proibição se deve ao fato de foram observados efeitos adversos graves como queimaduras nos olhos e cegueira temporária. Os relatos das pessoas são variados, mas em geral os sintomas surgem quando o produto, nesse caso a pomada, escorrem do cabelo para os olhos, podendo gerar danos aos tecidos oculares, principalmente na córnea que é uma estrutura que quando acometida gera um quadro de dor e incômodo muito grande.Devemos tomar cuidado com qualquer substância utilizada nos cabelos, face ou próximos dos olhos, mas o cuidado deve ser redobrado quando o assunto são essas pomadas para cabelo.Se houver algum contato com os olhos, lave abundantemente com soro fisiológico (ou água corrente, caso seja a única opção no momento) imediatamente e caso surjam sintomas de irritação e embaçamento visual, procure seu oftalmologista o mais rápido possível. Saúde ocular é coisa séria! Tenha cuidado!!Dra. Ana Clara CastroEspecialista em plástica ocular

Os olhos são compostos por diversas estruturas que têm como finalidade nos proporcionar o sentido da visão. Para que possamos enxergar bem, é importante que primeiramente não haja nenhuma opacidade, como por exemplo a catarata ou as doenças que afetam a córnea. Havendo então transparência das estruturas, a luz pode chegar à retina e a partir dali a informação da visão ser transmitida ao nosso cérebro para ser interpretada. O nervo óptico é exatamente esse “fio” que carrega essas informações e a Neuroftalmologia é a subespecialidade responsável por cuidar dele.Dessa forma, qualquer lesão do nervo óptico, também denominada neuropatia óptica, pode levar à dificuldade na transmissão da informação causando distúrbio visual que pode se manifestar com dores de cabeça, embaçamento da visão, fotofobia, perda de campo visual e até mesmo dor nos olhos.Existem vários tipos de neuropatia óptica, a mais conhecida é o próprio Glaucoma. No entanto, outras lesões podem acontecer por diversas causas como as infecciosas, vasculares, tóxicas, metabólicas, compressivas e desmielinizantes. Dentre esses exemplos temos que destacar a neuropatia óptica isquêmica anterior (NOIA), a neurite óptica (ON) secundária à esclerose múltipla ou ao espectro da neuromielite-óptica (NMO) e a hipertensão intracraniana idiopática (HII) acarretando o chamado papiledema.Logo, essas diversas doenças do nervo óptico devem ser diagnosticadas o mais precocemente possível para permitir a preservação da visão, e algumas vezes a preservação da vida. Procure sempre que necessário um Neuroftalmologista para que seu acompanhamento seja o mais cuidadoso e especializado possível.Dr. Arthur Rocha Neuroftalmologista do corpo clínico da Pro Visus

A síndrome do olho seco ocorre quando há evaporação excessiva das lágrimas e/ou sua produção é insuficiente. O filme lacrimal é essencial para a nutrição, lubrificação e proteção das estruturas oculares além de exercer importante papel nas propriedades óticas do olho. A produção lacrimal pode ser afetada por diversos fatores como uso de determinados medicamentos (por exemplo, anticoncepcionais orais, antidepressivos e anti-histamínicos), algumas doenças sistêmicas (ex.: Artrite reumatóide, Lupus, Síndrome de Sjogren) e lesão direta às glândulas lacrimais ou à estruturas relacionadas a sua regulação, como ocorre, por exemplo, nas queimaduras químicas oculares. A evaporação excessiva pode ocorrer isoladamente ou acompanhando a diminuição da produção lacrimal e ocorre normalmente em decorrência de doenças perioculares como a blefarite ou pela exposição excessiva da superfície ocular. Fatores ambientais como elevada altitude, baixa umidade do ar, calor excessivo, uso prolongado de telas podem acelerar a perda de lágrimas mesmo em olhos normais. Os casos mais graves da síndrome do olho seco podem levar à alterações permanentes da superfície ocular como aderências e cicatrizes podendo, inclusive, causar baixa significativa da visão.Independentemente da causa, a maioria dos casos de olho seco apresentam sintomas similares como ardência, coceira, sensação de corpo estranho, fotofobia, cansaço ocular e vermelhidão. Pode ocorrer ainda visão embaçada e sensação de ressecamento dos olhos. Normalmente esses sintomas são progressivos ao longo do dia e pioram em determinadas condições como, por exemplo, ambientes com ar condicionado ou quando se trabalha muitas horas diante de um computador.Usuários de lentes de contato estão particularmente sujeitos a desconforto, especialmente durante o período de seca já que a maior evaporação da lágrima vai aumentar o atrito das lentes com a superfície ocular podendo provocar irritação e até mesmo lesões corneanas.Algumas medidas podem ser adotadas para minimizar esses sintomas como o uso de umidificadores de ambiente, evitar que o ar condicionado ou ventilador fiquem direcionados ao rosto, programar pequenos intervalos durante o uso de telas, evitar coçar os olhos e o uso de lubrificantes prescritos por seu médico oftalmologista.No período da seca também aumentam os casos de alergias e conjuntivites sendo muito importante diferenciar estes dos casos de olho seco já que os tratamentos apresentam particularidades. Além disso, a correta identificação de fatores além dos ambientais, como doenças oculares ou sistêmicas que contribuam para o olho seco, é essencial para determinar o tratamento específico mais adequado para cada caso.Ao aparecimento dos primeiros sintomas, um médico oftalmologista deve ser consultado para o diagnóstico e tratamento adequados. Dra. Renata MagalhãesEspecialista em córnea e superfície ocular

Há poucas semanas, no fim do ano passado, recebemos uma paciente que havia acabado de se submeter a este procedimento estético, que tem como finalidade mudar a curvatura e aparência dos cílios.Esta técnica, desenvolvida na Inglaterra, promete ser a evolução do que se conhecia por “permanente de cílios” e tem duração prevista do efeito estético de até 12 semanas. Um produto é aplicado nos cílios e espera-se a sua ação por 45 a 60 minutos.A nossa paciente havia realizado o procedimento algumas horas antes do procedimento. Chegou com os olhos fechados, lacrimejando muito e queixando-se de dor intensa. Havia lavado um pouco os olhos e ido a uma emergência de oftalmologia, onde o plantonista havia prescrito alguns colírios. Não houve melhora.Nos foi indicada e atendida em caráter de emergência. Quando a examinei, após uso de gotas de anestésico, que possibilitaram abertura das pálpebras, as córneas (parte anterior do olho) estavam desepitelizadas, isto é, sem a sua proteção habitual que é o epitélio (como uma pele da superfície ocular). O produto químico usado no lash lifting causou queimadura química grave, penetrando nas estruturas anteriores do globo e gerando inflamação intensa, que se vê na fotografia. A visão (acuidade visual) neste momento estava em torno de 20% do normal. Este caso serve para chamar a atenção de que se deve imediatamente lavar os olhos com cerca de 2 litros de Soro Fisiológico (ou até mesmo água corrente, dependendo de onde se está), quando ocorre um acidente químico ocular. Esta simples ação remove o produto químico da superfície ocular e é capaz de melhorar o prognóstico do quadro, na maioria dos casos. Recomendamos este procedimento para a nossa paciente.Em seguida, o paciente deve usar colírios específicos, prescritos sob avaliação médica. Em nosso caso usamos corticóides, analgésicos, antibióticos, vitamina C e outras medidas para conter a inflamação na fase aguda e promover a recuperação do epitélio (a “pele” da córnea). E usamos lentes de contato terapêuticas para aliviar os sintomas e promover uma recuperação menos sofrida.Após 24 horas a paciente já conseguia abrir novamente os olhos e mantivemos contato ao longo do recesso de fim de ano para garantir que tudo correria bem.Depois de 30 dias, a visão (acuidade visual) de nossa paciente estava em 95% do normal e ela, muito satisfeita e agradecida por nosso atendimento. Dois pontos importantes: 1) Em caso de acidente com produtos químicos nos olhos (queimadura química ocular), lave os olhos imediatamente. Se não houver soro fisiológico, use água corrente de uma torneira. Lave por um bom tempo. Esta simples medida pode salvar a visão!2) Cuidado com produtos químicos em procedimentos estéticos na região ocular. Qualquer descuido pode fazer com que o agente químico chegue à superfície ocular, com potencial de danos importantes, inclusive de cegueira.Em casos graves, alguns dos quais sem atendimento imediato após o trauma químico, irão necessitar de procedimentos mais complexos, como transplante de limbo (região com as células tronco do epitélio corneano) ou transplante de córnea.Ajude a divulgar estas informações com seus amigos e familiares. Você poderá estar salvando a visão de alguém!Faça um pré-agendamento de consulta com nossos especialistas: https://bit.ly/3wi5cF5.    Pedro BertinoEspecialista em córnea e superfície ocular